Por Edemilson Junior (*)
Não há como ir à reitoria e não lembrar. As cores, os cartazes, as pessoas. Cada rampa um manifesto, cada parede um dizer e o prédio todo como testemunha cúmplice dos nossos segredos.
O sol de antes, o silêncio de hoje e as rampas sussurrando palavras de ordem que continuam a ressoar nossos ossos e a ecoar em nossas almas; mensagens que nem nós mesmos sabemos bem ao certo quais são.
E de repente nos sentimos longe mesmo tão perto, inquietos diante de tanta normalidade, exitosos perante tanta hesitação.
Um dia nos disseram que não podíamos e o futuro pareceu certo, rançosamente confortável, virtualmente programado. Resolvemos sonhar e pagamos o preço tabelado do encontro com nossas fraquezas. E nessa troca injusta demos nosso maior valor para receber nossa pior sina: trocamos o medo pela esperança.
.A intransigência em não ouvir ordens de repente se traduziu em sensatez e certeza dos incertos se transformou na duvida dos “sábios”; provamos para nós mesmos que sonhar em conjunto não é vergonhoso.
Não conseguiríamos apenas sobreviver às fileiras da resignação. Naquele dia as maquinas foram tiradas da tomada, a flor de Drummond nasceu no asfalto de nossas consciências e rompemos finalmente a angustia que se alimentava da apatia nos corações.
Não há como ir á reitoria e não lembrar... Os dias em que, juntos, vivemos, ousamos , choramos e amamos.
Não como ir à reitoria e não lembrar... Dias em que sonhar não era ridículo e realizar não era loucura.
Edemilson Júnior(Paraná)
(*) Estudante de Jornalismo
Membro do Centro Academico de Comunicação Social (Cacom)
Membro da União dos Estudantes Independentes
Conselheiro do Consuni
2 comentários:
Muito bom o texto. Faço dessas palavras, que resumem muito bem o texto de muitos de nós, as minhas. É para mostrar mais uma vez onde estavamos, e onde estamos agora.
Jero
Poético, pra dizer o mínimo.
Realmente, cada ida à reitoria é um turbilhão de emoções e esperanças, cada lembrança, uma carga de energia renovadora para a militância.
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